Pós-escrito:
[...] Aqui na erótica eu estava escrevendo para entreter sob a pressão de um cliente que desejava que eu "deixasse a poesia de fora". Creio que meu estilo era derivado da leitura de obras de homens. Por esse motivo, durante muito tempo achei que havia comprometido meu eu feminino. Deixei a erótica de lado. Relendo-os muitos anos depois, vejo que a minha voz não foi completamente sumprimida. Em numerosas passagens usei intuitivamente uma linguagem de mulher, vendo a experiência sexual do ponto de vista da mulher. Finalmente decidi liberar a erótica para publicação, porque mostra os esforços iniciais de mulher em mundo que fora de domínio dos homens.
Se a versão sem cortes do Diário algum dia for publicada, esse ponto de vista feminino será demonstrado mais claramente. Ele mostrará que as mulheres (e eu, no Diário) jamais separaram o sexo do sentimento, do amor pelo homem por inteiro.
Anaïs Nin
Los Angeles, setembro de 1976.
Anaïs Nin (21 de fevereiro de 1903, Neuilly, perto de Paris — 14 de janeiro de 1977, Los Angeles) batizada Angela Anais Juana Antolina Rosa Edelmira Nin y Culmell, foi uma autora nascida na França, filha do compositor Joaquin Nin, cubano criado na Espanha e Rosa Culmell y Vigaraud,de origens cubana, francesa e dinamarquesa. Anaïs Nin tornou-se famosa pela publicação de diários pessoais, que medem um período de quarenta anos, começando quando tinha doze anos. Foi amante de Henry Miller e só permitiu que seus diários fossem publicados após a morte de seu marido Hugh Guiler.
Seus romances e narrativas, impregnados de conteúdo erótico foram profundamente influenciados pela obra de James Joyce e a psicanálise. Dentre suas obras destaca-se Delta de Vênus (1977), traduzido para todas as línguas ocidentais, aclamado pela crítica americana e européia.
Foi realizado no cinema em 1990 um filme, Henry & June, dirigido por Philip Kaufman, que falava do período que Anaïs Nin conheceu Henry Miller. Anaïs Nin foi interpretada pela atriz portuguesa Maria de Medeiros.