quinta-feira, 7 de outubro de 2010

2º Festival Parque Sucupira de Música Popular Brasileira

Já estão abertas as inscrições para o II Festival Parque Sucupira de Música Popular Brasileira. O Evento será realizado na cidade de Planaltina (Distrito Federal), entre setembro de 2010 a janeiro de 2011 e está aberto para grupos musicais, bandas e cantores de todo o Brasil. As inscrições são gratuitas e vão até o dia 29 de outubro de 2010, poderão ser feitas na Rádio Utopia FM e em locais a serem divulgados no blog do festival, onde você pode acessar o regulamento e baixar a ficha de inscrição.

O II Festival Parque Sucupira de Música Popular Brasileira é promovido pela Associação de Difusão Comunitária Utopia (Utopia 98,1 FM), www.utopia.dissonante.org, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB-FUP/FAC) e Escolas Públicas de Planaltina, com o patrocínio do Ministério da Cultura.

Mais informações poderão ser obtidas pelo e-mail festivalsucupira@gmail.com, pelo telefone (61) 3388-8994 ou pelo blog http://festivalparquesucupira.blogspot.com/
release da parada.

domingo, 8 de agosto de 2010

Soneto de Separação - Vinícius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Antologia Poética)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

6 anos em Brasília

6 vezes
1º de agosto.

Exilado
no concreto,
Radicalizado
em Brasília.

domingo, 4 de julho de 2010

Homenagem a Saramago

Suspiros lusitanos

Por Ademar Bogo
Da coordenação nacional do MST
.

Se um suspiro, leve e lusitano
Zumbir nas almas das nações imensas
É o comunista que para além das crenças
Silenciosamente da vida física se dispensa.

Vai pessoalmente viver a eternidade
E olhar de perto na tez do criador
Que pelas criaturas foi subjugado
E obrigado a justificar o horror.

Irá verificar que as guerras entre os deuses não existem
Pois são apenas conflitos da existência
Que os homens criam e põe-se a conflitar
Pedindo a Deus que tome providências.

E faça sempre o mais forte vitorioso
Abençoado pelas cruéis vitórias
Para deixar nos livros registrados
Os escritos que reflitam a superior memória.

Tudo o que disse são sobre os seus dilemas
Ficam como dizeres formulados
Se não dava nem acreditava em conselhos
É porque queria vê-los por conta experimentados.

Os próprios passos seriam os conselheiros
E os conselheiros caminhantes e aprendizes;
Se os erros deveriam ser experiênciados
Com os acertos formariam matrizes.

Era a crença de um apaixonado
Que a si mesmo o saber se concedeu
Porque acima de todas as verdades
Acreditava que não existe o absoluto ateu.

Por sobre as oliveiras e as corticeiras
Versos e letras irradiarão verdades
A qualquer tempo virarão consciências
E viverás nos povos em forma de saudades.

Assim abrimos o tempo enlutado
Para purgar a dor do prejuízo humano
Se no passado choramos escravizados
Hoje, nossos suspiros também são lusitanos*.
.

* Os lusitanos (povos Lusis) constituíram um conjunto de povos ibéricos pré-romanos de origem indo-europeia que habitaram a parte Oeste da Península Ibérica Em 29 a.C., tendo à frente o líder Viriato, resistiram a invasão, através de guerrilhas e emboscadas. Mais tarde foi criada a província romana da Lusitânia nos territórios, que atualmente é Portugal. Por esta razão, os povos que falam línguas que tem como tronco a língua indo-europeia, como português e espanhol, principalmente, somos todos descendentes do povo guerreiro, lusitano. Por isso, choramos a morte do irmão e companheiro José Saramago, falecido em 18 de junho de 2010

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Biblioteca da Revolução

Thèses sur Feurbach (1845)
Karl Marx
XI
"Les philosophes n'ont fait qu'interpréter le monde de différentes manières; mais ce qui importe, c'est de le transformer"

domingo, 6 de junho de 2010

POESÍLIA: poesia pau-brasília - Nicolas Behr

subo aos céus
pelas escadas rolantes
da rodoviária de brasília

ocopo de cristo
aqui não é pão,
é pastel de carne,

o sangue de cristo
aqui não é vinho,
é caldo de cana

o padroeiro desta cidade
é dom bosco ou padim ciço?
...

nossa senhora
do cerrado,
protetora
dos pedestres
que atravessam
o eixão
às seis horas da tarde,

fazei com que eu
chegue
são e salvo
na casa da noélia
...

os fazedores
de deserto
se aproximam
e os cerrados
se despedem
da paisagem
brasileira

uma casca grossa
envolve meu
coração
...

os três poderes
são
um só:
o deles
...

VIETNANZINHO CANDANGO ou
A MANCHA QUE NÃO SAI

não se esqueçam
do massacre da GEB

façam um filme,
documentário,
escrevam um livro,
comentem com
os amigos,
mas não se esqueçam

não se esqueçam nunca
do massacre da GEB

quinta-feira, 3 de junho de 2010

domingo, 23 de maio de 2010

Ensaio sobre a lucidez


O trecho transcrito abaixo é a fala de um chefe de estado fictício, após eleição que não legitima nenhum dos partidos políticos concorrentes, além de contabilizar um enorme percentual de votos nulos.

O texto faz lembrar que o sistema capitalista é incapaz de realizar plenamente todos os direitos do ser humano, ele é incapaz de garantir a plenitude da existência. "Sejamos realistas, exijamos o impossível".


"[...] Todo o vosso sofrimento haverá sido inútil, vã toda vossa teimosia, e então compreendereis, demasiado tarde, que os direitos só o são integralmente nas palavras com que tenham sido enunciados e no pedaço de papel em que hajam sido consignados, que ele seja uma constituição, uma lei ou um regulamento qualquer, compreendereis, oxalá convencidos, que a sua aplicação desmedida, inconsiderada, convulsionaria a sociedade mais solidamente estabelecida, compreendereis, enfim que o simples senso comum ordena que os tomemos como mero símbolo daquilo que poderia ser, se fosse, e nunca como sua efectiva e possível realidade. [...]"


Livro: "Ensaio sobre a lucidez", José Saramago, Ed. Companhia das letras, 2004, pag. 96/97.

Paredes Pensantes

Pichações nas paredes de Brasília, no anos 70/80:

"Terrorista é a ditadura que mata e tortura!"

"A poesia passou por aqui"

"Sou I Brazylyensy: eis a kestão"

"As paredes tem boca!!!"

"Aos militares a forca
Aos perdedores o medo
Aos vencedores o nada"

"Esperança cadê você?"

"Esperamos por uma aurora"

"Te amo
24 horas
por segundo"

Livro: "Beije-me", Nicolas Behr (2009)

Homenagem à Brasília

BOMBA! BOMBA! BOMBA!

Brasília Parasita

versus

Braxília Trabalhadora,
Candanga e Digna

o movimento nativista
renasce e sugere
a mudança da Capital

Brasília para os braxilienses,
que amam esta cidade e
não dão vexame

MINHA PLATAFORMA POLÍTICA
CONTINUA SENDO A
PLATAFORMA DA RODOVIÁRIA!

"PELAS LANCHONETES DOS CASAIS FELIZES", Nicolas Behr (1994)

domingo, 9 de maio de 2010

Os mortos permanecem jovens



Livro: "Os mortos pemanecem jovens" - Anna Seghers, Ed. Expressão Popular, 2003.

Cap. 1 - pag. 16:


Ervin, jovem alemão, militante comunista, preso pelos corpos francos, reflete sobre a mudança do sentido da vida, após receber panfleto "subversivo", nas trincheiras da I Guerra Mundial, pouco antes de ser executado:

"Desde que recebera o panfleto, morrer passou a ter outro sentido, como se estivesse mais ligado à preocupação de continuar a viver do que à morte propriamente. Antes, a vida pesava-lhe como um fardo; somente em raras noites de domingo sentia algum prazer. O panfleto foi o primeiro apelo humano que lhe fora endereçado. Pela primeira vez, sentiu que alguém o solicitava com sofreguidão, precisava dele com urgência, de corpo e alma, alguém que não podeia viver sem ele. Antes, imaginava que só a pátria precisasse dele. Resistira obstinadamente à vergonha de poder ser desviado de suas apirações. Durante muito tempo, metade de seu coração lutou contra os pontos de vista da outra metade, embora já tivesse percebido que nenhuma relação havia entre exército, amor de mãe e torrão de natal, e muito menos com a tia, satisfeita por se ver livre dele. A pátria, tão louvada, não era o refúgio que imaginara.
Quando guardou o panfleto num boso do uniforme, sabia ter encontrado, afinal, aquilo que procurava com inquietude e inconscientemente. Viu, preto no branco, as perguntas que só lhe passavam pela cabeça como sombras de outras sombras. Por que, antes da guerra, a vida era assim e não diferente? Por que havia guerra? Por que era necessário acabar com a guerra?"

Cap. 17 - pag. 663:

Hans, militante comunista, que optou por tentar organizar grupos dissidentes no interior da Juventude Hitlerista e do exército nazista, em uma de suas licenças, revela à mãe:


"- Minha mãe, quantas vezes desejei voltar a esconder-me em teu ventre!"